JOSELY CARVALHO
multimedia artist
Dados históricos: canhão 7 - nº SIGA 015912
O canhão n°7 foi manufaturado na Holanda como encomenda da coroa portuguesa para defesa da costa brasileira. Suas alças com cascavéis similares a peixes nos mostram que também poderia ter sido utilizado em embarcações, já que era uma tradição ornar os canhões de acordo com o seu ambiente de uso. O bronze em sua composição reforça a hipótese por ser um material extremamente resistente ao tempo e à maresia.
Supõe-se que esse canhão tenha equipado um dos fortes da Ilha Grande no Rio de Janeiro, no século XIX. As fortificações, em sua maioria, eram construídas à beira-mar, já que na época, os meios de locomoção mais usados eram as naus e caravelas. Por isso, durante o processo de colonização do Brasil foi construído um verdadeiro cordão de fortes mirando o mar em pontos estratégicos para proteger o território de inimigos.
Se antes, o mar era o principal canal de trânsito, hoje pode ser considerado uma desembocadura global de detritos, lixo e esgoto. Em 2019 houve um derramamento de petróleo no litoral brasileiro que atingiu mais de 160 praias do nordeste ao sudeste em apenas 8 dias depois do acidente, considerado a maior tragédia ambiental causada por derramamento de petróleo da História do Brasil.
Até hoje, as autoridades não conseguiram identificar o responsável e nem mensurar a quantidade de fauna e flora marinhas agredidas pelo óleo.
fragrância: Oceano PBX00014KK
Esse cheiro não é a replica da brisa do oceano, mas a contextualização da vida dos marinheiros em suas travessias por meses à deriva. O acorde traz de forma ríspida o cheiro de ozônio e salgado do oceano.
A matéria-prima em destaque é a Laminaria Seaweed, uma alga da região da Bretanha, na França, com um odor natural salgado e nuances de couro e musgos. Nesta representação temos uma overdose do ingrediente para causar a intensidade marcante e disruptiva da composição.
O oceano que na época da colonização era fresco e límpido, hoje carrega notas animálicas, crisílicas e fétidas. Civete está incorporado no acorde lembrando os poluentes que contaminam as águas dos mares ao redor do mundo nos dias de hoje.